21.11.06

Abraçada ali, contigo, no sofá. Em silêncio. Abraço de urso, gostoso. Nenhuma palavra. Segurança como aquela que só sinto com mãe, pai, irmão e irmã. E ganhei um beijo na testa. Nada dito. Olho azul. Olho verde. Sorriso de cabo à rabo. Envolta novamente. Colava minha orelha no seu peito. Escutava a balada do teu coração. Você ria, claro. "Bate?" Timidamente, mas batia. Se por mim, não sei. Pus meu cabelo num rabo de cavalo. Inclusa a mensagem 'basta'.
Bastou. O estalo do meu pescoço estourou a nuvem-sonho-número-1.
Chuva, temporal. Éramos pai, mãe, irmão e eu. O endereço? Rua das Camélias, 44. Primeiro cômodo. Carvão e lenha. Fogo passou por ali. Destruídos sofás e cortinas. Vidro quebrado. Atravessando tudo, o quintal. No mesmo plano que a janela. Estreito e longo. Gramado perfeitamente cortado. Nenhum mato. Verde vivo. Os tijolos não eram mais aparentes. A cor do muro, cinza. Um prédio construído aos fundos. Alguns poucos andares. A chuva engrossava. Desabavam cubos (sim, como vidro temperado) do mais alto andar. E sob os destroços, meu pai. Chorava. Desespero. Gritos do irmão. Fuga do pai. Machucado. Mas corria. O importante era escapar.
Escapei. Nuvem-sonho-número-2 sofreu infiltração depois de tanta água e cedeu.

3 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Heim?
Boiei total.
Beijo nega.

02:37  
Anonymous Anonymous said...

Gosto do jeito que tu escreve...
É pra alguém entender esse texto de hoje?
=]
Beijo.
Fica na paz.

03:31  
Blogger Célia Spegel said...

seus sonhos andam estranhos...

23:54  

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