31.10.06

Happy Halloween!

30.10.06

Olhava ao meu redor e reconhecia o lugar. Era aquela areazinha entre a garagem e a casa da vó Ita, onde todas aquelas plantam se encontram, o Rico, as telhas de eternit, o chão vermelho, a parede amarela, o varal. Ali estavam a Vone e o Alemão, algum outro cidadão que não sei exatamente quem era, e um nenê de colo, uma menina. Ela soltava gargalhadas, e o colo da Vone era tudo. Eu tentava falar com o pai, e nada de resposta. A Vone, simplesmente virou as costas. O cidadão sentado... não sei quem era. Não conseguia ver direito seu rosto. Será que eu o conhecia? E a nenê? Quem era? A nenê não me ignorava. Eu mexia, apontava meu dedo pro vaso de flores pendurado, e ela fazia o mesmo. Me recordo bem disso. Era como um pequeno reflexo meu. Tinha uma certa conexão ali. Ela sorria pra mim! Apertava forte as mãozinhas, as batiam, e daí apontavam pra alguma coisa ao seu redor, sempre me olhando. Será que ela era minha nenê? Minha filha? Porque eu estava morta. Eu escutei o comentário dos três adultos presentes. Eles estavam lembrando de mim. E tudo o que falavam era no passado. É, eu não existia mais. Apenas minha alma perambulando por ali. A nenê era minha filha! E o cidadão, meu namorado/marido/enrosco-pai da minha filha. Daí acordei. Chorando. Mas pelo jeito já chorava por algum tempo, porque tinha tanta ramela nos meus olhos, que chegavam a grudar pálpebras. Fui até ao banheiro, lavei meu rosto, escovei meus dentes. E aquela música não saía da minha cabeça. Vocal feminino, totalmente '80. Não sei quem canta. Sei seu refrão.
I know nothing stays the same
But if we run it all again
Run it all again
Faz sentido, não?

29.10.06


Desta vez algo mais egocêntrico. Porque eu mereço. Com uma pitada de nostalgia, assim por se falar, por culpa das recordações. Foto realizada nas instalações do aeroporto de Brasília por um fotógrafo o qual não devo revelar maiores detalhes. Só que é meu irmão e se chama Ralph. Ele é dos bons.

24.10.06

Como disse o Ralph, as bruxas estão soltas. Tome cuidado. Se não é tumor, é suicídio. Se não é suicídio, é acidente. Se não é isso ainda, pode ter certeza que um pneu furado na chuva é! Claro, aqui uso do meu mais puro cinismo e escuríssimo sarcasmo. Mas dizem por aí que é melhor rir que chorar. Não cheguei na fase do riso. Ainda. E se ri, foi de choque. De reação não muito controlada. Tremi. E chorei. Creio que emoção relativamente normal e proporcional às causas. E se você ainda não entendeu, por favor, não se apavore. É uma fase. Vai ter um final feliz breve. Me preocupo. Mas sou adulta. Se digo grande você rirá! Bem, ria! Faz bem!

23.10.06

Oi, Golda!
Eu falando contigo no msn, toda felizona...
Eis que leio no meu orkut que a Lorva morreu. Eu não acreditei direito, mas ao mesmo tempo fui conferir. E daí liguei pro pai, e ele me confirmou. Ele ficou sabendo hoje de manhã por um colega de banco. O pai da Lorva foi funcionário do meu pai em Guarapuava, e ainda continua no banco, parece-me que em Curitiba. Então as notícias correm rápidas. Ela se jogou da janela do apartamento onde morava, sábado à noite. Ela tava viva quando chegou Siate e tal, mas não deu. Eu tô meio chocada ainda, porque eu sempre fui uma que dava uns chacoalhões nela de tempos em tempos. Eu sempre ajudei dela, desde a época do Estadual, Dom Bosco, e até um Junior College nos EUA eu consegui pra ela. Quando falei com ela esse ano, tudo parecia bem. Liguei no aniversário dela, e ela tava toda emocionada que eu lembrei. Todo ano eu esqueço o aniversário dela. Este eu lembrei. Antes de vir liguei pra ela de novo, pra ver como estavam as coisas. Ela tava dando aula numa escola de inglês e se dedicando a magrela dela (bicicleta). Fazia aula de spinning cada dia numa academia diferente, uma "aula experimental", pra não ter que pagar. Haha! Esperta ela. E... acho que ela foi covarde e egoísta achando a resposta dos problemas dela num pulo de janela. Mas ao mesmo tempo, acho que depressão não se cura tão fácil. Uma outra resposta minha seria a de que ela tava além da lenda com algum tipo de entorpecente, e achou que voar pela janela seria viável. Não sei, e sinceramente? Não quero saber, porque as versões pro acontecimento virão, e tenho certeza que nenhuma delas será exatamente a verdadeira.
Achei que você deveria saber, porque alguns capítulos de Guarapuava que tanto fomos felizes, ela fez parte naquele jeitão hard core dela de ser.
Beijão.

22.10.06

Você que come de boca aberta, sinta-se discriminado(a) por mim.
E tenho dito.
Re:
Não, não, meu caro. Não sou mais inteligente que você. Aliás, o sangue que corre é o mesmo. A verdade é que conhecemos coisas distintas, e nos tornamos profissionais dessas mesmas. E muitas distinções acabam se tornando similaridades quando cruzamos nossos interesses. Aprendo muito contigo, e tenho orgulho de assumir que tenho alguém em quem me espelhar.

E a minha letra está sofrendo uma crise de existência. Pergunta-se dia e noite de onde vem e para onde vai.Sofreu uma certa transformação em meio às mudanças de temperatura e pressão ao longo dos anos. E entre cursiva e técnica, prefere a abstrata. A sua, porém, é charmosa por ser torta. Nota-se que é vinda de um canhoto. E taí a pitada de graça no rabisco.

Quanto ao "bonitona, alta, loira, esbelta, solteira e vivida", põe um check ao lado. Propagandasempre é propaganda, esta sendo enganosa ou não. Non è vero?

20.10.06

Cos'è? Dov'è?















Alguma idéia do que seja?
Ou onde esteja?

16.10.06

Lar Doce Lar



Apartamento térreo, da direita.
Bem onde está a grade.
É ali que eu moro.
A parte vermelha não faz parte.
Só a amarela.
Último jogo foi uma merda. Eu joguei mal. Muito mal. Foram vinte minutos inválidos. E digo porque reconheço, e não porque necessito de piedade. Como diz a Vone, cada atleta tem seu dia. De glória ou poço. Nessas horas não sei se é melhor o esporte individual ou o de equipe...

Sin City passando na tv. Adoro. Fotografia excelente. Enredo estupendo.

Lavei a caranga hoje. Na base do balde e de esponjinha scotch-brite. Menos pior limpo. Mísero. Fez cem quilômetros dias atrás carregadíssimo. Não passou dos 120km/h.

umas quatro quadras daqui de casa se encontra uma propriedade da prefeitura de Ponte San Nicolò que foi transformada num... num... "lugar público". Não sei exatamente definir. Não chega a ser um parque, porque é pequeno, e não tem os atributos necessários. Não é uma praça, mas tem bancos. Quem sabe um jardim. Ah, é um lugar público. É composto de uma casa de dois andares, de pedra, com jeitão de casa do século retrasado, fechada, e abandonada, um gramado enorme na frente, com direito a poço e fonte que não funcionam, um gramado enorme atrás, onde montaram um parque infantil, alguns bancos espalhados, e árvores, muitas delas, por todos os lados. Num dia ensolarado como o de hoje, vale a pena dar uma passada por lá. Saí da academia toda suada e xexelenta, mas de bom humor. Parei no padeiro, comprei um pãozinho branco, e entrei no "lugar público". Cheio de criança correndo pra cima e pra baixo. Todos que passavam por ali me davam bom dia. Não tenho a mínima idéia do que pensavam de mim ali, sentada, olhando tudo e todos. A cada beliscada no pão, um pensamento diferente. Imaginava como devia ser aquela casa, com uma família dentro, e todo o serviço que devia dar para mantê-la. Os passeios pelos jardins das damas em vestidos longos, e os moçoilos de traje de passeio. A segurança dos portões altos e seus entalhes preciosos. Ao mesmo tempo me lembrava um pouco o jardim de Noting Hill, onde a Julia Roberts e Hugh Grant tiveram seus momentos. Um lugar único. Que me faz sorrir, e ligar para pessoas do outro lado de lá, mesmo às sete da matina, para desejar o mesmo dia que o meu, um bom dia!

Fui convidada para um coquetel de abertura de uma exposição de arte em Treviso na próxima quinta-feira, dia 26. Me sinto extremamente lisonjeada.

Ontem uma confissão me fez sorrir. Um cidadão me disse que resolveu ligar para o meu celular, meu número brasileiro, por curiosidade. Caiu na caixa-postal. Depois disse que por um momento pensava que eu atenderia o telefone.

Comemoremos minha primeira transição bancária italiana. E a paz e o silêncio que reina neste recinto quando a Francesca sai de casa.

11.10.06

Pipi
Exame de urina é algo extremamente pessoal.
Nunca peça para uma outra pessoa urinar por você.
Primeiro, você acaba com culpa no cartório, mesmo não tendo feito nada.
E segundo, ninguém confiará mais em ti.
Por que digo isso?

A anta da Francesca pela segunda vez se negou a urinar num exame de rotina.
Na primeira usou a desculpa de estar menstruada, e a enfermeira cedeu.
Desta vez, uma semana depois, ao invés de mudar um pouco o repertório, disse o mesmo... para a mesma enfermeira!
Incrivelmente, ela menstrua por 15 dias consecutivos.
E com a maior cara de pau pediu não somente para mim, mas para outras duas gurias do time e pro Andrea, do time masculino, que também estava no hospital pelo mesmo motivo.
O mísero não teve chance nem de nos cumprimentar direito, e já estava ela abordando o coitado.

Não sei que argumento acabou usando pra se safar dessa.
Por fim ela não mijou no copinho, e o médico liberou ela.

9.10.06

Aperol



Eis que entre uma partida e outra num torneio em Gressoney, parte italiana dos Alpes, um aperitivo. Aperitivo aqui não significa uma porção de babata frita antes do cachorro quente, ou um carpaccio antes da massa, e sim, uma bebida alcóolica a qualquer hora.A qualquer hora digo porque eram onze horas da manhã, e bebíamos Aperol, este líquido alaranjado com 5% de álcool. Creio que é francesa. Não sei ao certo.O gosto é parecido ao Campari. Eu particularmente não gostei muito, mas o time inteiro estava bebendo, e lá estava uma taça me esperando. Fiz o esforço de prová-lo. E a demanda parte dos dirigentes do time, não das atletas. Interessante, não? Assim como 70% da equipe fuma...

8.10.06

Um pedacinho de Veneza.



Foto tirada da barca que cruza o Canal Grande, a 'rua' principal de Veneza, ou quem sabe a mais conhecida. Impossível tirar boas fotos chacoalhando numa barca. Amanhã estou planejando de voltar a Veneza. Rezem pelo bom tempo.

7.10.06

Vivo em Pádua (Padova em italiano), uns quarenta quilômetros de Marghera, onde oficialmente se encontra o clube onde jogo. Marghera é bem dizer o "continente" de Veneza, a primeira cidade logo em seguida da ponte. Por conseqüência, é onde se localiza o porto. Já temos uma idéia de como uma cidade de porto é, não? Ou preciso explicar? Pra Veneza é só cruzar uma ponte de uns três quilômetros de carro, de trem, ou ônibus, e depois dali partir de barca pra tudo quanto é lado. Me disseram que o estacionamento é muito caro e que não vale a pena ir de carro pra lá. (Dica do dia.) E então há Mestre, do lado de Marghera, que sim, é outra cidade pequenina, mas pelo menos é mais decente que Marghera. Cheguei a morar lá por algumas semanas. Tinha um parque a menos de cem metros do apartamento que eu adorava. Tinha tudo que você possa imaginar, desde quadras de basquete, tênis, etc., a piscina, lago, muro de escalada, um parquinho fenomenal, árvores, jardins, bancos e gente, muita gente.Mas daí acharam melhor me colocar numa cidade maior, Pádua. Aqui é cidade universitária, famosa pela praça principal, que dizem ser a segunda maior do mundo, perdendo pra uma em Moscow. Se é verdade não sei. Três pessoas me disseram o mesmo. Achei coicidência demais e acreditei. Quando tiver adsl eu tiro a prova. Também me falam dos frescos da catedral de Sant'Antonio. Verificar-los-ei-ei-ei (ou seria verificar-os-ei-ei-ei?) assim que puder. E lhes conto. Tenho que descobrir os museus e galerias locais, mas minha querida comparsa Francesca é uma ignorante que não tem idéia do que cultura significa.E pra quem sempre contou com internet pra descobrir locais, agendas e coisas diversas, uma dial up realmente não ajuda em nada.Pelo menos poderia achar alguns endereços e imprimir alguns mapas, e sair por aí. Não, não. Por enquanto não. A MTV italiana vez em quando fornece algumas datas de shows. Ajuda um pouco. Ben Harper toca fim de semana que vem em Bologna, uma hora daqui. Adivinha? Jogo fora de casa. Jet toca fim do mês, e seria uma boa ir. Mas não faz o gosto da Francesca. Eu teria que arrastá-la comigo, que daí ninguém me chama de louca por ir sozinha a um concerto. E Muse, em dezembro, entre outros trocentos mais. Mas esses seriam o top 3 da minha lista. Por enquanto meu entretenimento pessoal se resume em gramática italiana e um caderninho para resolver alguns exercícios, um livro italiano da Francesca, que de umas quinze palavras, provavelmente cinco a seis eu procuro no dicionário pra poder seguir e entender o que o autor quer dizer. Desenho quando penso em algo. Mas a inspiração não anda por perto ultimamente. Tiro fotos, muitas. Faço algumas colagens, porque sempre tem algo interessante visualmente por aqui. E tenho uma televisãozinho no meu quarto que pega os canais abertos, MTV e All Music. Daqui alguns dias chega minha Sky, cabo, e daí sim, filmes novamente na língua original. Sabe, a TV italiana não é má. A programação é bem mais interessante que a Globo ou o SBT, e volta e meia tem um filme novo estreando. Problema que tudo é em italiano. Tudo dublado. Esses dias passava Friends. Pra quem conhece a voz original da Phoebe, e as merdas que ela fala, ter que ver a versão italiana é triste. Eu tentei explicar o meu ponto de vista pra Francesca, pra Chicca e pra Leo (estas duas do meu time, vizinhas de apartamento) o porquê que não assisto filme com elas. As últimas duas entenderam, a anta que mora comigo não. Ela acha que é porque eu não entendo italiano. Claro. Incrivelmente eu acabo falando da minha querida companheira de apartamento. A verdadeira intenção desse comprido post era dar uma idéia de onde moro, mas virou uma salada mista. Ah, outra hora eu continuo.

6.10.06

Meet Yacopo



Conheça o Yacopo (lê-se Iácopo). Este é o filho do Pippo, vulgo Filippo, um dos assistentes técnicos. O Yacopo é o menino mais expressivo que já vi. Menino de poucas palavras, mas de muitos gestos e expressões, principalmente as faciais. Ele é daqueles italianos que se você amarra suas mãos, ele não consegue falar. Eu soltava umas palavras em inglês, ele me olhava torto, e quando eu falava português ele ria. Apelei pra língua nativa. Além de tudo, o mocinho é fotogênico. Esta é a porta da cabaninha alugada pela família da Luisa, esposa do Pippo, em Lido de Venezia, praia logo ali do outro lado do Canal Grande de Venezia. Na seqüência vem mais fotos. E sim, foi neste dia, meu aniversário, e nesta praia em que quebrei meu dedo do pé. Blá.

5.10.06

Notas rápidas sobre a Itália:

- Minha companheira de apartamento, vulga Francesca M., 29 anos, merece um post inteiramente dedicado a ela. Uma palhinha? Hum... ela é hipocondríaca, mas nunca foi ao ginecologista.
- Meu time é bom. Digo, grandes chances de ir pra playoffs e quem sabe subir pra A1. Dizem por aí que sou definitivamente uma jogadora de A1. Isso me preocupa por um lado. Por outro, o alívio por meu técnico estar satisfeito com meu jogo. Melhor pra minha agente também. Esta já comentou que quer me passar pra uma liga mais forte. Seria um bom negócio pra ela e para mim, pois entra mais $$$. Porém não creio que este meu corpo de bailarina esteja preparado para um retorno ao intensivo desconforto físico.
- Meu círculo social se resume em uma hora e meia a duas de treino com meu time, um ou outro telefonema das meninas, ou de técnicos, ou do presidente, a moça do supermercado que até já me chama pelo nome, um ou outro vizinho que às vezes se arrisca a soltar uma palavrinha ou outra em inglês, e uns gatos pingados da academia. Durante as manhãs sou eu, o Sandro (instrutor, dono, zelador da academia), uma guria anoréxica, uma senhora estreante no exercício físico que quase se embolou na esteira dias atrás, e um garoto gay, com bigodinho à la Don Juan, e shortinho Carla Perez. Este é a razão dos meus dias na academia, porque é outra figura. Esses dias ensinei ele a fazer abdominais nessas bolotas enormes. Devia ter levado minha câmera pra registrar.
- Falando em câmera, vou começar a postar uma ou outra foto aqui até eu organizar um outro site. Com dial up é impossível me organizar online.

Ah, na verdade são muitas as coisas pra postar e eu realmente não sei por onde começar. Aceito sugestões. Se depender das meninas, "o homem italiano" seria o título do próximo post, mas como citado acima, meu círculo social é na verdade um ponto social (se vc seguir aquele conceito todo de que um ponto é um ponto, dois ou mais juntos formam uma reta e blá blá blá). Tem um que me chama a atenção toda quinta-feira, quando faço spinning à noite. Francesco. Aliás todos aqui na Itália se chamam Francesco, ou Francesca. Incrível.

Nos vemos mais vezes por aqui. Prometo.